A Moça do Vestido de Primavera conheceu a Moça do Sorriso Mais Doce ainda quando eram pequeninas e tentavam aprender a dançar balé para deixarem as mães orgulhosas.
Depois do balé, vieram as aulas no mesmo colégio. E as duas gostavam de estudar e de brincar juntas. Todo santo dia.
Gostavam de desenhar menininhas com lápis de cor e depois criar histórias bonitas para as menininhas de papel poderem vivê-las.
Deixaram de ser pequeninas para serem meninas cheias de alegrias e sonhos. Iam a todas festinhas juntas.
Compartilhavam o dia-a-dia, dividiam sonhos e cresciam.
Foram muitas viagens.
Muitas risadas com histórias mirabolantes que viviam juntas.
Muitos abraços para consolar quando o amor ia embora.
Muitas conquistas comemoradas como quando, JUNTAS, souberam da aprovação no vestibular.
Na formatura da faculdade uma estava com a outra. Sorrindo. Torcendo. Aplaudindo.
A Moça do Vestido de Primavera foi madrinha de casamento da Moça do Sorriso Mais Doce e foi nas mãos da Moça do Vestido de Primavera que o buquê de flores da noiva foi parar.
Fizeram faculdade em cidades diferentes.
Uma se casou, a outra segue solteira.
Uma trabalha na área de saúde, a outra com ciências sociais.
Uma é decidida, a outra geminiana indecisa.
A Moça do Sorriso Mais Doce costuma dar risadas quando a Moça do Vestido de Primavera está ansiosa.
Ela sabe que basta uma troca de olhares e um sorriso entre as duas, para que a Moça do Vestido de Primavera diga: " Estou melhor. Precisava era te ver."
E assim já se foram vinte anos. JUNTAS.
No mês passado foi aniversário da Moça do Sorriso Mais Doce. E quem ganhou o presente foi a Moça do Vestido de Primavera.
Chegando para abraçar a amiga, a Moça do Vestido de Primavera ouviu a Moça do Sorriso Mais doce, com toda a ternura dizer:
" - Trouxe para você, comprei na rua mais chique de Paris."
A Moça do Vestido de Primavera abriu o presente e não teve como não se emocionar, ao descobrir que era um tipo de colar que só pessoas muito especiais sabem que ela costuma usar.
A Moça do Sorriso mais Doce era só sorrisos ao dizer:
" Eu sabia que você ia amar. É DE PARIS."
Minha irmã, não importa se é de Paris. O que importou mesmo foi o seu sorriso e saber que você, tão longe, mesmo assim, pensou em mim. E trouxe um presente que só você poderia me dar com tamanho bem-querer.
Por Mel Costa